De acordo com o Ministério Público, os assassinatos foram cometidos com o objetivo de causar sofrimento à ex-companheira, mãe das crianças.
Homem preso por morte dos quatro filhos em Alvorada — Foto: Reprodução/RBS TV
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O réu David da Silva Lemos, de 31 anos, foi condenado a 175 anos de prisão pelo assassinato brutal de seus quatro filhos, em um dos casos mais chocantes da história recente do Rio Grande do Sul. O crime aconteceu em dezembro de 2022, em Alvorada.
A sentença foi proferida pelo Tribunal do Júri de Alvorada na noite desta quarta-feira, 14 de maio, após dois dias de julgamento no Fórum da cidade. O acusado ficou em silêncio durante o interrogatório.
A condenação atende integralmente à denúncia do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), que classificou os crimes como três homicídios triplamente qualificados — por motivo torpe, meio cruel e asfixia — e um homicídio com quatro qualificadoras.
As vítimas são os irmãos Yasmin, de 11 anos; Donavan, de 8 anos; Giovanna, de 6 anos; e Kimberlly, de 3 anos. As crianças estavam com o pai para a visita. Três das crianças apresentavam ferimentos por arma branca e uma foi morta por asfixia. As crianças mais velhas foram golpeadas no peito e nas costas com mais de 10 facadas.
De acordo com o Ministério Público, os assassinatos foram cometidos com o objetivo de causar sofrimento à ex-companheira de Lemos, mãe das crianças. Esse elemento reforça a motivação torpe do crime, um dos agravantes que pesaram na sentença.
Sem chão 616813
“Sem chão“, foram as palavras que Thays da Silva Antunes encontrou para descrever como se sentiu com a morte dos quatro filhos. A fala aconteceu durante depoimento no primeiro dia do julgamento.
Thays começou o depoimento contando sobre os 11 anos de relacionamento com o acusado. Ela confirmou que ele era muito possessivo e ciumento.
Thays da Silva Antunes, mãe das quatro crianças mortas, depondo em júri de David da Silva Lemos — Foto: Janine Souza/ DICOM/ TJRS
A gota d’água veio três meses antes do crime, quando, segundo contou, teria sofrido uma agressão física. Em seguida, Thays conseguiu uma medida protetiva, mas os dois voltaram a se encontrar.
“Fiz isso por medo”, relembrou.
Ao relatar o fim de semana em que os filhos foram para a casa da avó paterna, contou que as crianças não retornaram para a casa da mãe na data combinada.
“Jamais imaginei que ele tivesse feito o que fez”, diz Thays. “Só queria que os meus filhos saíssem lá de dentro e fossem embora comigo. E não foi isso que aconteceu”, desabafou.
Conforme o delegado Augusto Zenon de Moura Rocha, as vítimas teriam sido mortas individualmente, no momento em que eram colocadas para dormir.
Ainda segundo ele, ao ser preso, o homem alegou que as mortes teriam acontecido após discussões com a ex-companheira, motivadas por ciúmes e supostas traições.
Três das crianças foram encontradas em um dos quartos, deitadas nas camas. A faca usada no crime foi localizada pelos policiais. A filha mais nova, de apenas 3 anos, a quarta vítima, foi achada em outro cômodo, com sinais de asfixia. O acusado itiu que cometeu os crimes sozinho.
Casa onde quatro crianças foram encontradas mortas em Alvorada — Foto: Divulgação/IGP
Motivo torpe, diz MP 3q4b33
Conforme denúncia apresentada pelo Ministério Público (MP), o acusado teria praticado os crimes contra menor de idade; por motivo torpe, ao utilizar a morte dos filhos como ”instrumento de sofrimento à ex-companheira”; por meio cruel, ”desferindo nas vítimas múltiplos golpes com arma branca, causando-lhes extenso sofrimento”, disse o promotor de Justiça responsável pela denúncia, Marcelo Tubino. Além de asfixia, no caso da menina de 3 anos.
O promotor acrescenta que os crimes foram praticados contra menores de 14 anos e contra mulher, por razões da condição do sexo feminino no âmbito de violência familiar, já que três das vítimas eram meninas.
A acusação foi conduzida pelos promotores de Justiça Plínio Castanho Dutra, Leonardo Rossi e Daniela Fistarol, com acompanhamento do promotor Marcelo Tubino, responsável pela denúncia e atual coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri do MPRS.
A pena elevada reflete não apenas a crueldade e premeditação dos atos, mas também o fato de as vítimas serem crianças menores de 14 anos — circunstância que agrava ainda mais os crimes perante a lei.
A sentença de 175 anos de prisão representa uma das maiores já aplicadas pelo Judiciário gaúcho e simboliza um marco na luta por justiça em casos de violência extrema contra crianças.
*Com informações do Ministério Público do Rio Grande do Sul – MPRS.
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